"Uma oração sem fé é uma fórmula vazia. Quem é tolo a ponto de perder tempo pedindo algo em que não crê?
A fé é o manancial; a oração, o riacho. Como pode correr o riacho se o manancial está seco?"
(Santo Agostinho)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

INEFÁVEL DIGNIDADE DE MARIA


De qua natus est Iesus, qui vocatur Christus -- «Da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo» (Mat. 1, 16).

Sumario: É tão grande a dignidade de Maria como mãe de Jesus Cristo, que só Deus com a sua sabedoria infinita a pode compreender; mas toda a omnipotência não pode fazer outra maior. Façamos um acto de viva fé acerca desta divina maternidade; alegremo-nos com a Santíssima Virgem, e aumentemos a nossa confiança nela, porquanto de certo modo nos é devedora da sua altíssima dignidade.

I. Para compreender a altura a que Maria foi sublimada, mister se faria compreender quão sublime é a alteza e a grandeza de Deus. Bastará dizer que Deus fez a Santíssima Virgem, mãe do seu Filho para ficar entendido que Deus não a pode elevar mais alto do que a elevou. Bem disse Santo Arnaldo Carnotense que Deus, fazendo-se filho da Virgem, sublimou-a acima de todos os Santos e Anjos. Ainda que, em verdade, ela seja infinitamente inferior a Deus, ao mesmo tempo está imensa e incomparávelmente acima de todos os espiritos celestiais, como fala Santo Ephrem. Por este motivo lhe diz Santo Anselmo: Senhora, vós não tendes quem vos seja igual, porque tudo quanto há, está acima ou abaixo de vós; só Deus vos é superior, e todos os mais são inferiores.

Numa palavra, é tão grande a dignidade da Virgem, que, se bem que Deus só com a sua sabedoria infinita a possa compreender, todavia, no dizer de São Boaventura, com toda a sua omnipotência não pode fazer outra maior – Ipsa est qua maiorem facere non potest Deus. – Quem considerar isto, deixará de estranhar porque os santos Evangelistas, que tão difusamente registram os louvores de um João Baptista, de uma Madalena, tão escassos se mostram em descrever as grandezas de Maria. Tendo dito que desta eximia Virgem nasceu Jesus: de qua natus est Iesus, não julgaram necessário acrescentar outra coisa; porque neste seu maior privilégio se acham incluidos os demais. Qualquer titulo que se lhe dê, nunca chegará a honrá-la tanto quanto o de Mãe de Deus.

Façamos um acto de viva fé na maternidade divina de Maria, alegremo-nos com ela, agradeçamos a Deus por Ela e protestemos que estamos prontos a dar a nossa vida em defesa desta verdade, como de todas as outras que lhe dizem respeito.

II. Diz Santo Anselmo que é mais pelos pecadores do que pelos justos que Maria foi sublimada a Mãe de Deus; do mesmo modo que Jesus disse de si próprio que veio para chamar, não os justos, senão os pecadores. A divina Mãe tem, pois, uma certa obrigação de socorrer os miseráveis que se lhe recomendam, porquanto é a eles que é, por assim dizer, devedora da sua altíssima dignidade: Totum quod habes, peccatoribus debes[1]. – Congratulemo-nos. Portanto, com Maria, sim; mas congratulemo-nos também com nós mesmos e ponhamos nela toda a nossa esperança.

Ó Mãe de Deus, eis aqui a vossos pés um miserável pecador, que a Vós recorre e em Vós confia. Não mereço que lanceis sobre mim o vosso olhar; mas sei que vendo vosso Filho morto para a salvação dos pecadores, tendes um extremo desejo de ajudá-los. Ó Mãe de misericórdia, vede as minhas misérias e tende piedade de mim. Ouço que todos vos chamam refugio dos pecadores, esperança dos que desesperam: sede também o meu refugio, a minha esperança, o meu auxilio. Deveis salvar-me com a vossa intercessão. Socorrei-me pelo amor de Jesus Cristo. Extendei a mão a um pobre caido que se recomenda a vós. Sei que é a vossa consolação ajudar um pecador, quando é possivel; ajudai-me, pois, já que o podeis fazer. Pelos meus pecados perdi a graça divina e a minha alma. Entrego-me nas vossas; dizei-me o que hei-de fazer para de novo entrar na graça do meu Senhor; quero fazê-lo sem demora. Ele me envia a vós, para que me socorrais, quer que eu me refugie na vossa misericórdia, afim de que eu me salve não sómente pelos méritos de Vosso Filho, mas também pelas vossas orações. A vós recorro; e vós rogai por mim. Mostrai como sabeis valer a quem confia em vós. Assim espero, assim seja.

Retirado de: MEDITAÇÕES de Santo Afonso Maria de Ligório - Tomo I

terça-feira, 23 de novembro de 2010

GRANDEZAS INEFÁVEIS DE MARIA SANTÍSSIMA

Ego ex ore Altissimi prodivi, primogenita ante omnem creaturam -- «Eu sai da boca do Altíssimo, a primogénita antes de toda a criatura» (Ecclus. 24, 5).

Sumario. Assim como o divino Redemptor, a Santíssima Virgem pode ser chamada Filha primogenita de Deus. Primogenita na ordem da natureza; porque na criação do universo, depois da gloria de si mesmo e de Jesus Cristo, o Senhor tem em mira a de Maria. Primogenita na ordem da graça; porque mais que qualquer outro foi cheia de todas as graças celestiais. Promogenita na ordem da gloria, por ser Rainha de todos os Santos. Façamos um acto de fé acerca de todas estas grandezas da divina Mãe; demos graças a Deus em seu nome e pelos nossos obsequios procuremos desagrava-la de todos os ultrages que recebe.

I. É com razão que a Igreja põe na boca da Santíssima Virgem este elogio da divina Sabedoria: Eu sai da boca do Altíssimo como a primogenita; porquanto semelhante a Jesus Cristo, ela é verdadeiramente a Filha primogenita de Deus, na ordem da natureza, da graça e da gloria.

Primogenita na ordem da natureza, não quanto ao tempo, mas, como afirma São Bernardo, quanto á intenção; porque o eterno Artifice, projectando a formação do universo, dirigiu tudo, depois da sua propria gloria e depois da de Jessus Cristo, para a gloria de Maria. – Por isso se diz de Maria que ela não somente escolheu as coisas mais excelentes, mas d’entre as coisas mais excvelentes a óptima parte; porque o Senhor a dotou, em grau supremo, de todos os dons gerais e particulares conferidos ás demais criaturas: Optimam partem elegit [1].

Maria é também a promogenita de deus na ordem da graça; porque, sendo destinada a ser Mãe de Deus, foi desde o primeiro instante da sua imaculada Conceição, tão enriquecida de graças, que levava vantagem a todos os anjos e santos juntos. – Nem deixou o grande cabedal de graças desaproveitado; mas, como estivesse dotada do uso perfeito da razão desde o seio de sua mãe, começou desde logo e continuou sempre a faze-lo rendoso, e mesmo, como dizem os teologos, a duplica-loem cada momento da sua longa vida. De sorte que ela pode dizer com verdade: Senhor, se não Vos amei tanto como o mereceis, pelo menos Vos amei quanto me foi possivel.

Se é certo, como é certissimo, que Deus retribuirá a cada um segundo as sua obras [2], segue-se a Bem-aventurada Virgem é a primogenita de Deus também na ordem da gloria; gozando, em contraste dos outros santos, uma beatitude plena e completa sob todos os pontos de vista. «De tal modo», diz São Basilio, «que, como o explendor do sol, a nosso ver, excede o brilho de todas as estrelas juntas, assim a gloria da divina Mãe é superrior ao de todos os bem aventurados.» -- Façamos um acto de viva fé, e regozijemo-nos com Maria pela sua triplice primogenitura; em seu nome demos graças a Deus. Ao mesmo tempo congratulemo-nos connosco, porque a grandeza de uma Mãe redunda em honra e vantagem dos filhos: Gloria filiorum patres eorum [3].

II. Apesar de ser Filha primogenita de Deus na ordem da natureza, da graça e da gloria, Maria santíssima é pouco, muito pouco venerada pela maior parte dos homens.

Nem mesmo faltam homens desnaturados que chegam a blasfemar contra ela. – Se nos quizermos mostrar dignos filhos de tão grande Mãe, não basta que nos abstenhamos de a ofender; devemos também quanto estiver ao nosso alcance, espalhar por palavras e exemplos a sua devoção, e reparar as ofensas que lhe são feitas.

Digamos-lhe, portanto, com amor:

«Gloriosissima Virgem, Mãe de Deus e nossa Mãe, Maria, volvei o vosso olhar piedoso para nós, pobres pecadores, que, aflitos pelos muitos males que nos cercam na vida presente, sentimos dilacerar-se o nosso coração ao ouvir as injurias e blasfemias atrozes que muitas vezes ouvimos vomitar contra vós, ó Virgem Imaculada.

Oh! Quanto ofendem aquelas palavras impias á Magestade infinita de Deus e de seu Filho unigenito, Jesus Cristo!

Quanto provocam a sua indignação e nos fazem temer os efeitos terriveis da sua vingança! Se com o sacrificio da nossa vida pudessemos impedir tantos ultrages e blasfemias, sacrifica-la-iamos de boa vontade, porque ó Mãe Santíssima, desejamos amar-vos e venerar-vos de todo o coração, já que é esta a vontade de Deus. E porque vos amamos, faremos quanto nos for possivel, para que de todos sejais honrada e amada.

Entretanto, ó Mãe piedosa, soberana consoladora dos aflitos, aceitai este acto de reparação que vos oferecemos em nosso nome e no de todos os nossos; também por todos aqueles que, não sabendo o que dizem, blasfemam impiamente contra vós; afim de que, impetrando de Deus a conversão deles, torneis mais patente e gloriosa a vossa piedade, o vosso poder, a vossa grande misericordia; e eles se unam connosco para vos proclamar a bendicta entre as mulheres, a Virgem Imaculada, a piodosissima Mãe de deus.»

Retirado de: MEDITAÇÕES de Santo Afonso Maria de Ligório - Tomo III

Peço perdão, amanhã farei a correcção do texto

domingo, 14 de novembro de 2010

TERÇO PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO


Início: O sinal da cruz

Oferta:

Meu Deus, pelo dulcíssimo Coração de Maria, eu vos ofereço todas as indulgências que puder ganhar, e rogo-vos que as apliqueis às almas ( ou à alma de....) do Purgatório. Amém.

Reza-se, dizendo em cada conta do terço comum as duas orações seguintes, que são ao mesmo tempo as mais curtas e as mais indulgenciadas.


I ) Nas contas grandes recitam-se os actos de Fé, Esperança e Caridade com as seguintes fórmulas:


Creio em Vós, Senhor, porque sois a verdade eterna.

Espero em Vós, Senhor, porque sois a fidelidade suprema.

Amo-vos, Senhor, porque sois a bondade infinita.

II ) Nas contas pequenas, reza-se a invocação:


Doce Coração de Maria, sede a nossa salvação.

O Sumo Pontífice Bento XIV e Pio IX concederam muitas indulgências para essa devoção:

- Uma indulgência parcial cada vez que se recita.

- Uma indulgência plenária cada mês, quando se tem rezado ao menos uma vez por dia.

- Uma indulgência plenária em artigo de morte, quando se tem rezado muitas vezes durante a vida.

(Para lucrar a indulgência plenária requer o cumprimento das três condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e a oração em intenção ao Papa)

Poucos minutos bastam para rezar esse terço, e pode-se ganhar cada vez pelas almas do purgatório muitas indulgências.


(Livro : Sulfrágio, Editora da Divina Misericórdia)